A Miss Porquichona foi "flechada" pelo Sapo Beltrão

Meu gentil amigo Sapo Beltrão,

Li a tua carta com muita atenção. E sim, vivemos tão perto um do outro e já algum tempo que não nos falamos.

Pelo que li na tua carta, esse teu coração de sapo tem tido muitos percalços. Mas sabes que as coisas do amor são muito difíceis de perceber e de acertar. Também já tive os meus desgostos (ui, ui, ui… e de que maneira!). Ainda me lembro daquela vez que fui passear para o Lago dos Papyrus e como o meu coração de porca ficou tão pequenino e a sangrar ao ver-te venerar e a falar com uma princesa qualquer, elegante diga-se de passagem, bem vestida, cheia de joias e uma coroa brilhante. Não imaginas como fiquei! Cheguei a fazer dieta para perder esta minha tão amada barriguinha de porca, pedi ajuda à Noz Noscada para comprar uns vestidos chiques e uns acessórios franceses, aquelas coisas que só a Nozinha conhece. Mas depois, a Pimentão, com o seu ar de cientista, disse que o melhor que fazia era esquecer-te e avançar… avançar… avançar para outro amor. E foi o que fiz, por isso, nunca mais fui ao Lago Papyrus passear e nunca mais nos cruzámos.

Mas quero-te dizer que não tenho rancor, ódio, aqueles sentimentos que geralmente os humanos têm quando perdem um grande amor. Fiz uma bela tarte de chocolate e labuzei-me toda e logo depois já tinha esquecido tudo isso.

Sapo, sabes, hoje sinto- me feliz… FELIZ MESMO. E nem sei bem porquê.

Não penses mal de mim, nem que sou uma porca maluca e sem noção da realidade. Sei que estamos em período de quarentena voluntária, o que quer dizer que vou ficar em casa, eu e todas as crianças, por vontade própria quando na verdade não tenho vontade de cá ficar. Isto ficou confuso… não foi? Eu tenho vontade de sair mas fico em casa, porque sei que é o melhor para todos.

Também sei que os nossos amigos bichos, a Piri-Piri, a Dona Cuquita Periquita, o cão Piruças, a gata Chiara, o macaco Zacarias e a Iena Bilhardeira estão todos em casa. Já imagino a Piri-Piri a investigar o mistério deste bicho CORONA, de como veio cá parar, aqui tão perto da minha pocilga, de que família de bichos é e porque só faz mal aos humanos.

Mas voltamos ao motivo da minha felicidade: acho que estou feliz porque hoje esteve um dia radioso de sol aqui na minha humilde pocilga. O sol estava quentinho, brilhante e com raios amarelos alaranjados (até fiquei com vontade de desenhar o sol!). Chegou a primavera, os passarinhos estão a cantar nos seus ninhos, as flores estão a nascer todas coloridas aqui à volta da minha pocilga e até o cão Piruças está todo feliz a ladrar no jardim, a cavar e a fazer buracos (acho que a dona dele não vai achar graça nenhuma, mas isso já é problema dele!).

Agora tenho de ir ali até à minha horta colher uns legumes, mas gostei muito da tua cartinha. Espero avidamente pelo nosso reencontro.